domingo, 21 de agosto de 2016

Habacuque 3

Habacuque 3.1-19
Tema: Do lamento ao avivamento.

Introdução: Ao longo desses três encontros temos estudado o livro de Habacuque e sua luta com Deus. Habacuque estava extremamente triste com a realidade de seu povo. Com a perversidade, com a injustiça e a imobilidade de Deus.

Vimos na primeira reflexão como Habacuque, por causa de leitura social, estava indignado. O povo estava vivendo de maneira corrupta aos padrões divinos. Havia toda sorte de injustiça e perversidade. Os mais fracos eram penosamente subjugados pelos mais forte. Na leitura que o profeta fazia da situação, Deus estava indiferente a tudo.

Isso fez ele dirigir uma pergunta em forma de lamento a Deus, questionando essa passividade divina. Só que a resposta não foi de seu agrado, pois descobriu que Deus não estava indiferente e exerceria juízo. Não da forma esperada pelo profeta, pois, o instrumento de juízo seria os caldeus, povo rebelde e idolatra que dominava o senário político da época.

Depois dessa resposta inesperada Habacuque volta a lamentar, agora pelo instrumento que Deus usaria para punir o povo da aliança. A resposta de Deus ao profeta é que a Babilônia também seria punida por sua crueldade e idolatria e que o justo viveria por sua fé/fidelidade a Deus.

Depois dessa teodiceia, a postura do profeta se modifica. É transformada do lamento ao hino de louvor, de desesperança à esperança. No final do livro do profeta Habacuque, vemos um belo hino composto pelo profeta, depois de compreender a ação de Deus na história banhada por seu amor.

Mas devido ao tamanho do texto e o pouco tempo que temos para dar continuidade ao estudo do mesmo, a parte a ser destacada serão os versos um e dois. Onde vemos o profeta na esperança de um avivamento.

1.     O avivamento não é produzido pelo povo, mas é obra de Deus. (Ó Senhor, aviva sua obra. Hb 2.2b)
Na sua oração em forma de Hino, Habacuque se rende à vontade divina e expressa isso clamando por um avivamento. Habacuque após dizer que, agora, conhecendo Deus melhor e seus feitos, pede pela contínua presença ativa de Deus no meio de seu povo.

Depois de perceber que a realidade que ele vivia não poderia ser mudada pela sua indignação ou ira social. Habacuque começa a perceber que a melhor coisa para mudar a sua realidade é a total dependência de Deus. O seu desejo é mudança, é um avivamento. E avivamento só pode ser produzido por Aquele quem pode conceder o dom da vida.

Com isso, o profeta muda sua postura de lamento, para uma postura de dependência. Habacuque vê que mudanças só podem ocorrer quando Deus, em sua soberania, atuar no meio de seu povo. O avivamento sempre é concedido por Deus, sem nenhuma obra meritória do homem.

Como no episódio do profeta Ezequiel e dos ossos secos (Ez 37). Enquanto o profeta contemplava o vale de ossos secos, Deus o interpela com seguinte pergunta, Filho do homem, esses ossos poderão reviver? Ezequiel responde dizendo que só Deus pode saber. Nesse episódio do livro do profeta Ezequiel os ossos só enchem-se de carne após ele dizer para ele ouvirem a voz de Deus (v.5). A vida só pode ser concedida por Deus e mais ninguém.

Talvez vivamos um momento habacuquiano, e nossos corações desejem ardentemente mudanças visíveis e reais no meio de nosso povo e em toda a nossa realidade social. Mas aprendemos com o profeta Habacuque que só a ação de Deus pode mudar a nossa realidade. Não são nossos talentos, não são nossas potencialidades e muito menos a nossa justiça. A verdadeira mudança só ocorrerá quando estivermos dispostos a depender inteiramente de Deus.

Para isso, devemos colocar a nossa arrogância de lado e clamar avidamente por uma ação divina no nosso meio. O avivamento é desejado, mas para caminhar para uma mudança real devemos depender de Deus.

2.    O avivamento evidência Deus e sua obra. (aviva sua obra Hb2.2b)

O avivamento que se inicia com a ação de Deus em meio a um povo rendido diante de seu amor, evidencia-se por meio da manifestação da obra de Deus.

O profeta Habacuque ao longo de suas lutas com Deus, apendeu que avivamento ou mudança da realidade de seu povo deveria ser marcada pela verdadeira obra de Deus e não por suas expectativas.

Habacuque quando questiona a Deus por todo mal ocorrido e deseja mudanças, ele queria que tais mudanças caminhassem de acordo com as suas ideias. Isso fica claro quando ele ao saber que os caldeus seriam instrumento de juízo, ele fica inconformado com Deus e o questiona novamente.

Com isso, o profeta aprende que mudanças, avivamentos, reformas divinas não são para satisfazer vontades humanas, mas para manifestar a obra de Deus.

Por isso, nessa oração em forma de hino, Habacuque não pede mais para Deus punir seu povo ou exterminar os caldeus, mas pede para que Deus evidencie as suas obras como Ele fez durante toda a história (como no êxodo, no Sinai e na conquista da terra v.3-15).

O avivamento é a manifestação da obra de Deus. O avivamento aponta para quem Deus é. Como o Evangelho de João bem destaca. Os milagres de Jesus não eram as suas obras. Os milagres ou sinais só apontavam para a verdadeira obra, que era sua vinda e vida (Jo 20.30-31).

Aprendemos com o com o profeta que o avivamento traz como evidencia a obra de Deus, os seus feitos, o seu poder, a sua pessoa, a salvação. Crescimento numérico, aumento do número de novas igrejas, aumento de campos missionários, Bíblia nas escolas, etc. Nada disso será evidência de avivamento se a obra de Deus não for o foco ou a evidência maior.

A maior obra de Deus, a maior evidência de avivamento é o sacrifício expiatória de Jesus Cristo. Se tudo aquilo que foi citado anteriormente não for fruto do Evangelho (salvação em Jesus), é só palha, é só placebo espiritual que nos engana, mas não traz cura para alma. O avivamento além de ser produzido por Deus, é a manifestação de sua obra e sua obra é Cristo.

3.    O avivamento é manifestação da misericórdia divina. (na tua ira, lembra-te da misericórdia Hb 2.2d).

O final do verso dois, o profeta pede para Deus lembrar no momento de sua ira, da misericórdia.

Outra coisa que o profeta Habacuque aprende ao longo de sua teodiceia é que o avivamento, mudança, renovação, reforma é fruto da misericórdia divina. Nós não temos instrumentos de barganha com Deus. O que merecemos é juízo e condenação.

O apostolo Paulo em Rm 1.18 fala, Pois a ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens, que impedem a verdade pela injustiça. Ou seja, todos somos merecedores da ira divina, mas Ele escolhe manifestar o seu amor em Jesus Cristo.

Por isso, todo o avivamento ou a salvação, pois estávamos mortos em delitos e em pecados (Ef 2.5). Para ser mais claro o texto de Efésios 2.4-5, diz: Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo seu imenso amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos pecados, deu-nos vida juntamente com Cristo (pela graça sois salvos).

Se somos agraciados pela misericórdia e amor de Deus demos também ser agentes da misericórdia. Os aviamentos são manifestação e aplicação da misericórdia de Deus.

Conclusão

Creio que todos nós desejamos um avivamento, todos nós esperamos por mudanças significativas sociais e eclesiasticamente falando. Mas somos convidados a lembrar, nessa reflexão do profeta Habacuque, que avivamento é uma ação misericordiosa de Deus que se evidencia por sua obra de salvação em Jesus.

Fontes de Pesquisa

  • BAKER, David Weston. Obadias, Naum, Habacuque, Sofonias. São Paulo: Vida Nova, 2001.
  • Bíblia Sagrada versão NVI
  • CARSON, D. A. Comentário bíblico: Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2009.
  • DILLARD, Raymond B. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2006.
  • LOPES, Hernandes Dias. Habacuque: como transformar o desespero em cântico de vitória. São Paulo: Hagnos, 2007.
  • SAYÃO, Luiz. O problema do mal no antigo testamento: o caso de Habacuque. São Paulo: Hagnos, 2012.

Soli Deo gloria!

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