sábado, 5 de setembro de 2015

Estudo do livro de Malaquias


O nome Malaquias deriva do termo hebraico Malachi, que significa “o meu mensageiro”. Devido a esse significado do nome do profeta, muitos estudiosos acreditam que Malaquias não é um nome, mas sim a função do profeta. Mas eruditos como Stanley Ellisen e Raymond B. Dillard argumentam a favor de Malaquias ser um nome próprio. Segundo Dillard (2006, p. 418): “A leitura mais natural do sobrescrito relaciona Malaquias com o nome próprio de um profeta [...]”.
Porem, o que se sabe é que Malaquias, assim como sugere o seu nome, tinha uma mensagem de Deus para o seu povo. E que Malaquias foi o ultimo profeta do Antigo Testamento, encerrando assim as profecias de caráter inspiradas, até a vinda de outro mensageiro (que foi profetizado por Malaquias Ml 3.1) que prepararia a vinda do Messias.

Cenário Histórico

Datação e contexto

O livro do profeta Malaquias se enquadra em um período pós-exilico (persa). Mesmo não havendo no livro detalhes claros para a datação com exatidão, algumas pistas ajudam para uma datação aproximada. A primeira esta no termo pehâ, traduzido por governado é um termo comumente usado no período persa. A segunda pista esta na liturgia do povo. No corpo do livro é percebido que o templo já havia sido reconstruído e os sacrifícios e ritos litúrgicos relacionados ao templo já estavam em prática.
A maioria dos estudiosos definem a data de Malaquias entre 475 e 450 a.C., sendo contemporâneo de Esdras. Dillard fazendo uma análise do estudo de Kaiser aborta os seguintes problemas comuns a Malaquias e Neemias:
1.    Casamentos mistos (Ml 2.11-15; cf. Ne 13.23-27).
2.    Fracasso do dízimo (Ml 3.8-10; cf. Ne 13.10-14).
3.    Nenhuma preocupação em guardar o sábado (Ml 2.8-9; 4.4; cf. Ne 13.15-22).
4.    Sacerdotes corruptos (Ml 1.6-2.9; cf. Ne 13.7-9).
5.    Problemas sociais (Ml 3.5; cf. Ne 5.1-13).

Cenário politico/religioso

A Israel era uma pequena parte da quinta satrapia do império persa. Fazendo deles uma área explorada pelo império. O povo tinha que pagar altos tributos ao governo persa, o que levou o povo a uma grande descrença da prosperidade prometida por Ageu. Segundo o Manual Bíblico SBB (2010, p. 512), “É difícil não perder a esperança quando a espera é prolongada. O povo estava começando a duvidar das palavras dos profetas, a sentir que Deus se esquecera deles e os decepcionara”.
Todo esse cenário levou o povo a um culto frio e sem vida. O povo levava animais impuros ao templo e os sacerdotes ofereciam em sacrifício a Deus (1.7s), o que era estritamente proibido (Lv 22.20-25; Dt 15.21). Os dízimos e as ofertas não eram observados de maneira correta (3.8-9). E isso, provavelmente, gerou sacerdotes corruptos (1.6-2.9). Pois se o dizimo e as ofertas eram para o sustento dos levitas (Lv 27.30; Nm 18.21) e estes estavam em falta ou sem a devida perfeição, os sacerdotes aceitam qualquer coisa para o seu sustento e enriquecimento.
E se as coisas basilares da fé judaica são ignoradas, as demais também serão. Levando o povo a uma espiral descendente moral, social e espiritualmente. Coisas como: casamentos mistos (2.11-15), nenhuma preocupação em guardar o sábado (2.8-9; 4.4) e problemas sociais (3.5), foram outros problemas encontrados pelo profeta Malaquias.

Mensagem Teológica

Além de chamar a atenção do povo para os pecados supracitados e chama-los ao arrependimento. Outros dois pontos importantíssimos são abordados pelo profeta, o amor de Deus (1.2) e a vinda do mensageiro que prepararia a vinda do Messias (3.1-6; 4.5-6).

O amor de Deus

O verso 2 do primeiro capitulo do livro de Malaquias anuncia o amor de Deus da seguinte maneira: "Eu sempre os amei". Uma bela verdade sobre a pessoa de Deus. A primeira coisa que essa pequeno trecho nos ensina é o amor imutável de Deus.
O povo devido as circunstâncias havia se esquecido do amor eterno de Deus (Jr 31.3). O amor de Deus não cessou em momento nenhum da história. Nem no Egito, nem no deserto, nem no cativeiro, em nenhuma circunstância faltou o amor de Deus ao seu povo. O povo podia até não estar percebendo como esse amor se manifestava ("Mas vocês perguntam: ‘De que maneira nos amaste? ’” Ml 1.2), mas Deus não deixou de ama-los.
A segunda verdade expressa nesse texto é que o amor de Deus é imerecido. O povo que essa declaração foi destinada de maneira direta, era um povo que vivia na prática do pecado. A Lei mosaica estava sendo quebrada em vários pontos (sacrifícios, casamento, divorcio, etc). Mas mesmo diante disso Deus declara ao seu povo que o ama sempre. Não é o que fazemos ou o que somos que faz Deus nos amar. Como diz Lopes (2006, p. 21), “Deus não nos amou por causa das virtudes que viu em nós (Os 11.1). A causa do amor de Deus está Nele mesmo e não em nós”. Porque Deus é amor (1Jo 4.8).
Mas esse amor também se tipifica na figura de um amor paterno, "O filho honra seu pai, e o servo o seu senhor. Se eu sou pai, onde está a honra que me é devida?” (1.6). Deus se apresenta como um pai que ama, um pai que zela. Mas um pai que não é honrado, um pai esquecido pelos seus filhos. Deus tratou Israel com um filho amado. Da seguinte forma Lopes apresenta o amor paterno de Deus(2006, p. 33), “Desde o início, Deus tratou Israel como um filho amado, tirando-o do Egito, dando-lhe uma herança, proteção, revelação sobrenatural e missão especial”. Mas todo esse amor paterno não estava sendo reconhecido e reciprocado pelo seu filho Israel.

O mensageiro de Deus

Malaquias era um mensageiro de Deus para falar ao povo de Israel, mas Deus enviaria outro mensageiro. Um mensageiro que prepararia um caminho para a vinda de Deus (3.1). Esse mensageiro viria purificar o povo, “antes do grande e terrível dia do Senhor” (4.5). A vinda desse mensageiro não seria agradável, pois ele colocaria a prova o coração dos homens. Ele viria demonstrar suas mais obras e chamar o povo ao arrependimento.
No evangelho de Marcos no capitulo 1, o evangelista demonstra como era o ministério de João Batista, o segundo Elias (Mt 17.10-13). Era chamando o povo ao arrependimento e abando dos pecados. E anunciando que viria depois dele alguém maior do ele. Alguém que ele não era digno de amarar as sandálias (Mc 1.7). Era o próprio Senhor que viria (o Senhor que vocês buscam virá para o seu templo. Malaquias 3:1).
Mas uma vez demonstra o seu eterno amor. Vindo ao mundo na pessoa de Jesus Cristo, para restaurar todas as coisas (Ap 21.1-4; cf. Ml 3.4). E livrar o seu povo de seu maior cativeiro, o pecado.
BIBLIOGRAFIA
·         DILLARD, Raymond B. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2006.
·         ELLISEN, Stanley A. Conheça melhor o Antigo Testamento: um guia com esboços e gráficos dos primeiros 39 livros da Bíblia. 2. Ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Vida, 2007.
·         LOPES, Hernandes Dias. Malaquias: a igreja no tribunal de Deus. São Paulo, SP: Hagnos, 2006.
·         MANUAL BÍBLICO SBB. Tradução de Lailah de Noronha. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil. 2ª ed. revisada, 2010.
·         RYRIE, Charles C. A Bíblia Anotada: edição expandida. São Paulo: Mundo Cristão; Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2007.

  • //www.bibliaonline.com.br/nvi

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