quinta-feira, 4 de junho de 2015

Estudo do livro de Daniel

Estudo do livro de Daniel

Por volta do ano de 605 a.C. um grupo de israelitas havia sido levado cativo para a Babilônia. Entre esse grupo estavam quatro jovens, Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Que foram educados por três anos na língua e literatura babilônica, a pedido do rei Nabucodonosor. Depois desse período os jovens foram inseridos na corte para servirem ao rei.
Todo o livro de Daniel gira em torno de desses quatro rapazes e muito especialmente de Daniel. O livro pode ser dividido em duas partes: a primeira parte (cap. 1-6), é uma construção histórica que abrange um período de aproximadamente 66 anos (605-539 a.C.), mas isso não o define como um livro histórico, segundo o Manual Bíblico SBB  “Daniel tem um contexto histórico e está relacionamento com a história, mas não é uma história nos moldes dos livros de Reis, por exemplo”; a segunda parte (cap. 7-12) registram visões que o profeta Daniel teve sobre acontecimentos futuros, e isso enquadra essa parte do livro no gênero apocalíptico.
O livro de Daniel é hoje um dos mais discutidos no meio acadêmico devido a sua difícil datação. A linha muitos acadêmicos é coloca-lo em um período mais recente da história, por volta do ano 165 a.C., no período dos macabeus.  E os argumentos para essa datação recente, segundo Ellisen (2007, p. 302), são: “inserção de Daniel no canôn hebraico numa data posterior a outros livros, características literárias persas e gregas e profecias detalhadas da época dos macabeus”. Já a linha de acadêmicos mais tradicionais, datam o livro no período de Daniel, tendo o mesmo como autor. Os argumentos desse grupo segundo Ellisen (2007, p. 303), são: “Ezequiel reconheceu a historicidade de Daniel, O autor demonstra cabal conhecimento dos costumes da época e Jesus reconheceu Daniel como autor das visões de Daniel 9.27”. Como é visto a própria Escritura testemunho a respeito do livro de Daniel.

Contexto histórico e político do livro
O livro de Daniel começa o seu relato dizendo que o rei de Judá era Jeoaquim, filho do antigo rei/reformador Josias. Josias foi morto na batalha contra os egípcios em Megido, sendo substituído por seu segundo filho, Jeoacaz, que governo só três meses. Jeoacaz foi deposto por influência do faraó Neco e seu irmão mais velho, pró-egípcios, Jeoaquim, assumiu o trono. Mas apesar da influência egípcia no reino de Judá, a grande força politica e militar da época era a Babilônia.
Jeoaquim esperando receber apoio dos egípcios se rebela contra os babilônicos, não pagando tributo ao rei Nabucodonosor. Como observa Dillard (2006, p. 324), “É provável que ele esperasse a ajuda do Egito, mas isso não aconteceu (2Rs 24.7)”. Jeoaquim morre antes da chegada dos exércitos de Nabucodonosor, sendo substituído por seu filho Joaquim que é levado cativo para a Babilônia, junto com pessoas da realeza e tesouros reais.
Nesse período Daniel já estava na Babilônia. Ele foi levado em um primeiro cerco a Jerusalém por volta do ano 605 a.C. Segundo Lopes (2005, p. 20),
Nabucodonosor fez três incursões sobre Jerusalém: em 606 a.C., levou os nobres (dentre eles Daniel) e os vasos do templo. Em 597 a.C., noutra incursão, levou mais cativos. [...] Em 586 a.C., após dezoito meses de sítio, os exércitos do rei da Babilônia saquearam a cidade de Jerusalém.
Depois que Joaquim é deposto, o rei Nabucodonosor coloca como rei de Jerusalém o nativo Zedequias. Que reinou por 11 anos até se rebelar contra a soberania babilônica em 587 a.C., depois de aproximadamente um ano e meio de cerco, Jerusalém é destruída e o seu povo é levado cativo para a Babilônia.
Já na Babilônia segue-se o reinado de Nabucodonosor que aparece até o capítulo 4 do livro. Entre o reinado de Nabucodonosor e Belsazar (cap. 5) outros três reis reinam na Babilônia, mas não são descritos no livro de Daniel. Estes reis segundo Dillard (2006, p. 325), são: “Amel-Marduk (562-560), filho de Nabucodonosor (conhecido como Evil-Merodaque em 2Rs 25.27-30), Neriglissar (560-556) e o seu inapto filho, Labashi-Marduk (556)”. Depois de Belsazar que assume o trono é Dario, o medo (5.31).
Enquanto isso o reino persa sob o comando de Ciro estava em ascensão. Por volta do ano 539 a.C., Ciro assume o reino da Babilônia sem dificuldades. Quando Ciro assume o domínio babilônico, Daniel já estava no fim do seu ministério.

Contexto religioso
No que diz respeito a Judá antes do cativeiro, a ultima tentativa de retorno ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó, se deu por meio do rei Josias. Mas com sua morte a reforma termina e seu filho Jeoaquim é tão perverso e interesseiro que queima o rolo que o profeta Jeremias o havia enviado (Jr 36). Abando assim com qualquer tentativa arrependimento e retorno ao Senhor.
No período de cativeiro, uma espiritualidade sincera a Deus era quase impossível. A Babilônia era um região cosmopolita e sincrética que adorava vários deuses, mas sua principal divindade era Marduque. A religião tinha tanta importância que Daniel e seus amigos recebem nomes de divindades babilônicas.

Mensagem do Livro
Mas outra coisa fica clara no livro de Daniel. Mesmo o povo sendo rebelde e idólatra, Deus ainda está no controle da situação. Se a mensagem do Livro de Daniel for resumida, poderia ser resumida pela sentença: “Deus é o Senhor da História”.
O livro de Daniel é o relato de como Deus é soberano. Ele não é pego de surpresa. Deus está no controle até dos governos pagãos. Nas palavras de Lopes (2005, p. 26), “é Deus quem está comandando o invasor e disciplinado o invadido. É Deus quem levanta reis e depõe reis, levanta reinos e abate reinos. É o Senhor de toda a terra que levanta uns e abate outros”.

Cristologia de Daniel
   No livro de Daniel há muitas tipificações do Senhor Jesus e seu reino. Na interpretação do sonho de Nabucodonosor (2.36-45), a grande pedra é o reino de Cristo. Nas palavras de Lopes (2005, p. 47), “Ela representa o Reino de Cristo que vem, e destrói todos os outros reinos e enche toda a terra”. Essa pedra continuará a crescer até encher toda a terra (2.35).
No capitulo 9.22-27, enquanto Daniel orava ele tem outra revelação, agora do Messias, o príncipe ungido. E esse príncipe revelado a Daniel é Jesus Cristo, o ungido de Deus, o Messias (Jo 4.26). Que virá “para acabar com a transgressão, para dar fim ao pecado, para expiar as culpas, para trazer justiça eterna” (9.24). Maso Ungido será morto, e já não haverá lugar para ele” (9.26). Que bela descrição de Jesus e sua obra.
Esses são só dois textos que apontam para Jesus. Ainda há outros como: 7.13-14 e 10.5-6. O Livro de Daniel é uns dos livros mais messiânicos do Antigo Testamento.

Conclusão
Portanto, o que é aprendido com o Livro de Daniel é que Deus é soberano e governa a História. Ele não foi pego de surpresa, tudo está no seu controle. A história caminha para sua consumação. A pedra que rolou e destruiu os governos da Terra, está a crescendo até colocar todos os inimigos debaixo de seus pés (1Co 15.25). E ela vai continuar a crescer até encher toda a Terra.

BIBLIOGRAFIA

  • BIBLIA SAGRADA. Tradução Nova Versão Internacional.
  • DILLARD, Raymond B.; LONGMAN III, Tremper. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2006.
  • ELLISEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento: um guia com esboços e gráficos explicativos dos 39 livros da Bíblia. 2 ed. ver. e atual. São Paulo: Editora Vida, 2007.
  • LOPES, Hernandes Dias. Daniel: um homem amado no céu. São Paulo, SP: Hagnos, 2005.

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