sexta-feira, 22 de junho de 2018

Carta a igreja de Éfeso

Texto: Apocalipse 2.1-7

O livro do Apocalipse é marcado por mistérios. Muita especulação e poucas certezas por parte dos seus intérpretes. Mas as cartas de Jesus as suas igrejas espalhadas pela Ásia Menor são uma mensagem clara, e não só para aquelas igrejas, mas para todas. A primeira vai para a igreja que está localizada na cidade de Éfeso, a principal cidade da região.

Éfeso era uma grande cidade cosmopolita e funcionava como a entrada para as outras regiões da Ásia Menor. Era conhecida, também, por seu templo dedicado a deusa Ártemis, uma das sete maravilhas do mundo antigo. A decadência moral era tão acentuada que o filósofo grego Heráclito, diz que a moral do templo era pior que a de animais promíscuos, pois estes não se mutilavam1.

A igreja que surge na região nasce com o trabalho missionário do apóstolo Paulo (cf. At 19). Ele fica cerca de 3 anos, pregando e ensinando o Evangelho de Jesus Cristo. Posteriormente, endereça uma carta a mesma igreja para encorajá-los e exortá-los sobre as coisas da vontade de Deus.  
Só que a carta agora é de Jesus. Paulo está morto, João está preso, possivelmente Timóteo também está morto, mas Jesus, que esteve morto, mas agora “está vivo para todo sempre” (Ap 1.18), tem algo para falar com a igreja de Éfeso. Vejamos o que Ele tem a dizer.

v.1 - As palavras vêm daquele que tem em sua mão as sete estrelas, ou seja, Jesus é o senhor dos pastores, ou melhor, Jesus é o verdadeiro pastor das igrejas. Ele anda no meio dos candelabros, Ele as conhece intimamente. O supremo pastor anda observando suas igrejas.

v.2 - Por isso, Jesus conhece bem o trabalho árduo (dedicado) dessa igreja. Assim como, a perseverança. Além do já mencionado, Éfeso é uma igreja que analisa com critério aqueles que querem liderá-las ou aproximar-se como membros. Não há tolerância com pessoas perversas. Poderíamos dizer que era uma igreja fiel e sólida doutrinariamente.

v.3 - Seu vigor e fidelidade é tão significativo, que ela se mantém firme mesmo em situação de perseguição. O nome de Jesus não é negado mesmo que isso os coloquem em apuros. A cidade de Éfeso, durante o governo imperial de Domiciano, perseguiu muito os cristãos. Principalmente por conta do seu culto ao imperador (foram instalados dois templos em memória do imperador). Inácio chegou a chamar a cidade de a “porta dos mártires”2.

v.4 - Só nem tudo é elogio. Jesus tem algo contra essa igreja. Ela perdeu o seu primeiro amor. Em algum momento essa igreja que chegou a receber as seguintes palavras do apóstolo Paulo, “ouvi falar da fé que vocês têm no Senhor Jesus e do amor que demonstram para com todos os santos” (Ef 1.15), mas esse elogio não cabe mais para essa igreja.

Não adiantava nada todo empenho e fidelidade. Como bem observou Craig S. Keener (2017, p. 861), “Sã doutrina e perseverança são insuficientes sem o amor”. Zelo sem ternura e serviço sem amor de nada significam. F. F. Bruce (2012, p. 1523) faz uma análise importantíssima deste verso, ele diz:
Um diagnóstico tão penetrante, especialmente de pessoas que acabaram de ser elogiadas por perseverarem e não se afadigarem na fé (v.3), fala de uma percepção espiritual incomum e da familiaridade e intimidade de longa data com a igreja a quem dirige. Apesar de toda a perseverança tão elogiável; o fervor do seu primeiro amor [...] tinha desvanecido. E nada [...] pode tomar o lugar do ágape na comunidade cristã.
v. 5 - Essa igreja precisa retomar a vivência do primeiro amor. Aquilo que ficou para trás é o que Jesus deseja que a igreja resgate. Pois, caso isso não ocorra, a igreja perderá sua função e Jesus a removerá. Quando uma igreja deixa de iluminar, ela perdeu sua função.

v. 6 - Esse verso é uma lembrança para que a igreja continue o seu trabalho de boa doutrina e fidelidade, isso não deve parar. O que deve acontecer é o retorno do amor.

v. 7 - Essa mensagem é para ser ouvida e respondida. Jesus espera uma resposta positiva da igreja de Éfeso. Pois o remanescente que permanecer fiel em tudo que o supremo pastor instruir, desfrutará da árvore da vida, ou seja, da eternidade com o nosso Senhor Jesus Cristo.


1LOPES, Hernandes Dias. Apocalipse: o futuro chegou - São Paulo, SP: Hagno 2005, 62.

2LOPES, Hernandes Dias. Apocalipse: o futuro chegou - São Paulo, SP: Hagno 2005, p.61.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

O CRISTÃO E AS QUESTÕES ÉTICAS DA ATUALIDADE - WALTER C. KAISER JR

Nessa obra, Kaiser Jr. elabora uma série de estudos que visa abordar alguns dos principais temas éticos da atualidade. Questões como: racismo e direitos humanos; aborto; homossexualidade; alcoolismo e drogas; desobediência civil; e outros, são analisado no livro. 

Esses temas éticos são abordados nos capítulos do livro. Seu objetivo não é uma reflexão profunda sobre cada ponto, buscando assim uma teologia profunda de cada demanda ética. A abordagem é mais pastoral e pedagógica. A partir de textos bíblicos, Kaiser expõe o ensino bíblico sobre os assuntos.

O valor da obra está em sua simplicidade na abordagem, cuidado bíblico com os temas e didadicidade do conteúdo. O livro facilmente possibilita a sua utilidade como base para exposição (pregação) de textos bíblicos que tratam dos assuntos, assim como estudos dirigidos.

Vale muito a utilização da obra para o esclarecimento da comunidade de fé sobre como a cosmovisão cristã vê as temáticas tratadas. Edições Vida Nova mais uma vez contribuindo muito para o crescimento e maturidade da Igreja brasileira .

Leiam!!

segunda-feira, 30 de abril de 2018

Quando lidamos com a dor.



É inevitável. Somos seres finitos, limitados, e chega um momento que enfrentamos essa realidade. Topamos com ela quando adoecemos ou quando uma pessoa querida nossa passa pela dor e sofrimento que nossa vida frágil nos impõe. Agora se é inevitável, se não há escapatória, como lidar com ela?

Bom, nada melhor do que buscar essa resposta na Escritura Sagrada. O salmista Davi, no salmo 16, diz: "Protege-me, ó Deus, pois em ti me refugio". Demostrando que há um local de abrigo em que o consolo e conforto podem ser encontrados. O Senhor é o que nos guarda não só nos bons momentos da vida, mas nos ampara na angústia.

Davi encerra seu salmo dizendo, "Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita" (v. 11). Não há nada mais reconfortante do que saber que todo sofrimento é passageiro, que todo vale de sombra e morte tem seu fim. Saber que a realidade final de nossas vidas não é o féretro, mas a vida, o eterno prazer da presença de Deus, é revigorante.

Caso você, caro leitor, está passando por um momento como esse ou vendo alguém que você ama passar por isso, não perca as forças. Esse não é o ponto final da história.

ROBINSON CRUSOÉ - DANIEL DEFOE



O livro é uma história sobre um náufrago chamado Robinson Crusoé. O próprio personagem é o narrador, o biógrafo de sua aventura. 

Sua história começa na Inglaterra do século XVII. Como um jovem disposto a rodar o mundo em busca de aventura, mesmo que isso contrarie a vontade de seus pais. Titubeante no início nessa ato de rebeldia, mas logo levado por seus próprios impulsos e desejos.

Sua primeira viagem de navio já foi um grande fracasso. Ainda na Inglaterra sofre seu primeiro naufrágio. Isso o deixa temeroso de continuar sua empreitada, pois temia uma advertência de seu pai, que por vezes Robinson via como uma profecia. O medo passando, se lançou em sua primeira grande viagem, indo para a costa da África o que o faz lucrar bastante. 

A possibilidade de construir uma vida financeira segura juntamente a satisfação de conhecer o mundo lança Crusoé novamente ao mar, só que essa viagem o leva para as mãos de piratas. Esse cativeiro durou alguns anos, até que com um plano desafiar ele se vê livre. A liberdade o lança em uma nova jornada de aventura até ser socorrido por um navio português em direção ao Brasil.

Sua vida no Brasil foi próspera, mas curta. A ganância de angariar mais recursos o lança novamente ao mar. O que para o personagem não é uma boa ideia. Uma tempestade surpreende a tripulação e o navio vai a pique. Só Crusoé sobrevive, conseguindo amparo em uma ilha deserta.

A maior parte da narrativa se dá nessa ilha. Desafios para se alimentar, desafios para se abrigar, desafios para sobreviver de maneira geral. Anos e anos da vida dele são vividos nesse pequeno pedaço de terra, até que Robinson é resgatado por um navio.

Focando no livro, que é uma versão dos clássicos da Penguin Companhia, com uma introdução de John Richetti, é uma obra de agradável leitura. Daniel Defoe escreve um livro que não é um clássico sem méritos. Vale muito a leitura. Já a introdução de John Richetti recomendo que seja lida depois da leitura do livro. Ela pode direcionar o leitor a um tipo de interpretação que pode tirar o sabor das próprias descobertas, mas leiam a introdução após a leitura do livro.

Leiam!