Quando
você pensa no Natal, o que lhe vem à cabeça? Família, amigos, presentes, festa?
Ou realmente você comemora o Natal?
A
história de origem do Natal é bem interessante. Quando Constantino sobe ao
poder do império romano, ele o faz dizendo que havia recebido a vitória depois ter
visto um sinal de uma cruz no céu, que dizia: In hoc signo vinces (por este sinal vencerá). Depois de ver ou
sonhar tal sinal, ele vence seus adversários na batalha da ponte Mílvia sobre o
rio Tigre. Com o poder em suas mãos ele legaliza o cristianismo, que até então
era uma religião proibida em todo império.
Como
a mãe de Constantino era uma devota cristã, ele se empenhou em fazer basílicas
e trazer uma certa ordem ao cristianismo nascente. Com isso o cristianismo
passou a ter alguns privilégios e reconhecimento em todo o império.
É
um engano muito comum achar que Constantino oficializou o cristianismo, ele o
legaliza e não oficializa. As outras religiões continuaram com o seu direito de
prestar os seus cultos e continuar suas práticas. O cristianismo só é
oficializado no ano de 380, quando Teodósio sobe ao trono do império. Com isso,
o império passou a ter uma religião única e as demais foram proibidas.
No tempo do imperador Constantino, os cristãos
reuniam-se no primeiro dia da semana (domingo) para seus cultos comunitários. Só
que no mesmo dia da semana se comemorava o dia do deus sol. No ano de 321 d.C.
o império instituiu o domingo como o dia do descanso. Com o passar do tempo o
dia do deus sol passou a ser percebido como o dia de Jesus Cristo, “o sol da
justiça”. Como essa associação não demorou muito para o dia 25 de dezembro, que
se comemorava o solstício de inverno (natalis invicti Solis), o nascimento de deus sol, passar a ser
comemorado o dia do nascimento do Senhor Jesus Cristo.
Mas com o passar do tempo o Natal passou a perder o
seu real significado. E muito disso devido à grande influência do
capitalismo/consumista. Primeiro com a entrada do papai noel. Uma lenda baseada
na vida do arcebispo de Mira na Turquia do século IV, Nicolau. Que ajudava anonimamente
as pessoas colocando um saco de moedas de ouro em suas chaminés. Passando a ser
visto como essa figura natalina na Alemanha. No século XX ganhou a forma simpática
e rechonchuda, e o traje vermelho, por meio da propaganda de um fabricante de
refrigerante.
E esse simpático velhinho passou a ser o símbolo de
uma sociedade capitalista mimada. Que deseja o que quer e recebe tudo do “bom
velhinho”. Mas o verdadeiro Natal é Jesus. E para redescobrir o significado
desse dia, nada melhor do que relembrar quem é Jesus e sua obra. Para isso analisemos
o texto de 1 Jo 4.9-16.
1 João
4.9-16.
O Natal é a manifestação do
amor de Deus v.9. O
amor de Deus para conosco manifestou-se no fato de Deus ter enviado seu Filho
unigênito ao mundo para que vivamos por meio dele.
A vinda de Jesus ao mundo a manifestação do amor de Deus. Muitas coisas
manifestam o amor de Deus, a vida, o alimento, o respirar, a criação. Como fala
o salmo 19.1-3; Os céus proclamam
a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia declara
isso a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. "Sem
discurso, nem palavras; não se ouve a sua voz.".
Mas Jesus é a expressão exata do ser de Deus, Ele é o resplendor da sua glória e a representação exata do seu Ser (Hb1.3a).
Jesus revela o Pai. Em Jesus temos o privilégio de realmente conhecer a Deus e
o seu amor.
Pois só o filho pode revelar o Pai. E Jesus é seu unigênito.
Ou seja, o único de sua espécie. Jesus realmente é único Filho de Deus, e
ninguém mais.
Se desejamos conhecer o nosso Deus e criador
devemos conhecer a pessoa de Jesus Cristo. E o conhecemos por meio de sua
Palavra e da oração. Quanto mais andamos com o Senhor Jesus, mais sabemos a sua
vontade, os seus planos para nossas vidas. Quanto mais andamos com Jesus, mais experimentamos
o amor de Deus.
O Natal
tem um proposito v.9b e 10b. Deus ter enviado seu
Filho unigênito ao mundo para que vivamos por meio dele.; mas
foi ele quem nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.
O nascimento
de Jesus teve o propósito de nos salvar, de espiar nossos pecados.
O apostolo Paulo em sua carta aos romanos diz que "Porque
todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus;" (Rm 3.23). Uma
compreensão melhor do pecado ajuda-nos a esclarecer um pouco do texto.
Por muitas vezes temos a tendência de limitar o
pecado a simplesmente atos concretos. Ou seja, se eu faço alguma coisa errada
estou pecando. Isso é verdade? Sim, mas não é toda a verdade. Pois cobiçar é
pecado e não é um ato concreto ou palpável. Mas é algo que brota do nosso
interior. Pois o nosso interior está corrompido. Não somos pecadores porquê
pecamos, mas pecamos porquê somos pecadores. E isso nos deixa em uma enrascada.
Como resolveremos o nosso problema do pecado? Não podemos. Por isso Jesus veio
nos salvar.
Jesus veio propiciar os nossos pecados. Ele veio
aplacar a justa irá de Deus. Ele veio tomar o nosso lugar, para que a justiça
de Deus fosse feita. Jesus é a solução para o nosso problema do pecado, pois em
Jesus podemos receber o perdão de Deus.
O Natal
nos ajudar a amar v.10-13. Nisto está o amor: não
fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele quem nos amou e enviou seu Filho como
propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus nos amou assim, nós também
devemos amar uns aos outros. "Ninguém jamais viu a Deus; se amamos uns aos
outros, Deus permanece em nós, e seu amor é em nós aperfeiçoado." Assim,
sabemos que permanecemos nele, e ele em nós, por ele nos haver dado do seu
Espírito.
O texto nos ensina que Deus nos amou quando nós não
o amávamos. Na linguagem de Paulo, Mas
Deus prova o seu amor para conosco ao ter Cristo morrido por nós quando ainda
éramos pecadores (Rm 5.8). O amor
de Deus por nós é incondicional. O amor de Deus vem em nossa direção.
O
amor de Deus nos serve de paradigma para o amor. O amor de Deus nos ajudam a
amar aos nossos semelhantes, aos outros. Ele nos ensina que devemos amar sem esperar
nada em troca, a amar o seu inimigo. E amar o inimigo não vem de um movimento
sentimental ou emocional, é uma decisão. Um posicionamento racional diante dos
fatos. Eu olho para o meu próximo e o amo e ponto final. Pois foi assim que
Deus nos amou em Cristo.
O Natal é um convite a fé
v. 15-16. Todo
aquele que confessa que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele em
Deus. "E conhecemos o amor que Deus tem por nós e cremos nesse amor. Deus
é amor; quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele."
Jesus
veio ao mundo para um convite, o convite ao arrependimento e a fé. Jesus começa
seu ministério com as seguintes palavras: “Completou-se
o tempo, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho”. (Mc
1.15).
Ter
fé não significa simplesmente uma profissão de fé para o batismo. Pois se
submetermos um demônio a uma profissão de fé ele vai passar, mas certamente ele
não será batizado. Tiago alertando aqueles que tinham uma fé só de discurso,
ele diz: Crês que Deus é um só? Fazes
bem, pois os demônios também creem e estremecem (Tg 2.19).
Ter fé, segundo o Evangelho, tem a ver com o
testemunho, e testemunho tem a ver com vida compromissada. É por isso que que
no v.14, João diz que: E nós temos visto
e testemunhado que o Pai enviou seu Filho como Salvador do mundo. Ou seja,
estamos compromissados com a fé em Jesus Cristo. Nós temos testemunhado que
Jesus é o Filho de Deus que veio salvar o mundo. Nós vivemos e nos movemos
nessa verdade.
Conclusão.
Portanto, o Natal não se resume em uma celebração
familiar e muito menos uma celebração consumista, que visa o lucro. O Natal é a
celebração da vinda do Messias. É a celebração da manifestação do amor de Deus,
expresso na pessoa de Jesus Cristo. O Natal é celebrado pelo fado de Deus vir
nos salvar dos nossos pecados. Celebramos o Natal amando o próximo como Deus
nos amou. Celebramos o Natal quando assumimos um compromisso de fé com o
salvador e decidimos segui-los por toda a nossa vida. Celebre o verdadeiro
natal em sua casa. Celebre Jesus.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFICAS
·
Bíblia Sagrada
Almeida Século 21: Antigo e Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2008.
·
CAIRNS, Earle
Edwin. O Cristianismo através dos séculos: uma história da igreja. 3ª edição –
São Paulo: Vida Nova, 2008.
·
DREHER, Martin
N. História do povo de Jesus: uma leitura latino-americana. São Leopoldo:
Sinodal, 2013.